Bonito – Mato Grosso do Sul

A cidade de Bonito em Mato Grosso do Sul já estava nos planos de viagem há muito tempo e agora finalmente vamos realizar esta viagem tão esperada.

É Setembro de 2021, uma época muito boa para viagens de moto pois é primavera e as temperaturas são mais agradáveis e principalmente naquela região Centro-Oeste as temperaturas também são mais suportáveis, haja visto que lá normalmente faz muito calor.

Já fazia alguns meses que eu estava fazendo o planejamento da viagem e elaborando o roteiro e o plano dos passeios em Bonito, já que lá tem que reservar com antecedência pois os grupos estão limitados em função da Pandemia do COVID-19.

Eu saí de viagem dia 03 de Setembro após o meio dia, meu objetivo é ir até Frederico Westphalen, no noroeste do Rio Grande do Sul, percorrendo os 423km durante a tarde.

Já na chegada em frente ao hotel havia um grupo de motociclistas do Mato Grosso do Sul que estavam fazendo uma viagem aqui pelo Sul na região Noroeste principalmente Ametista do Sul. Depois de um breve bate papo fiz o check in no hotel e mais tarde fui dar uma caminhada na cidade que por sinal é muito bonita e organizada.

Fui jantar num restaurante bem bacana com cara de pub que fica localizado numa esquina e abaixo do nível da rua. Quando agente tem dúvida sobre o que comer, vai de bife a parmegiana que não tem erro e acompanhado de um belo chopp artesanal.

04 de Setembro (Sábado)

Levantei, arrumei tudo bem tranquilo e sem pressa, tomei meu café da manhã e em seguida estrada novamente.

Fazia muito tempo que eu não rodava por aquela estrada que sobe o Brasil pela costa Oeste, normalmente ela é mais abandonada pelo poder público, embora ela seja uma via importante de escoamento da produção pelo lado Oeste do Brasil. Nem paradouros decentes para se fazer uma parada para um café ou lanche tem, e os postos também são meio abandonados, acho que falta um pouco de empreendedorismo por aquelas bandas também.

Os colegas motociclistas de Mato Grosso me deram uma dica para fazer alguns desvios para evitar a estrada principal pois assim eu pegaria trechos melhores com estradas em melhores condições.

Cheguei em Guaira no Paraná por volta das 16:00 e fazia muito calor, estava cerca de 34ºC. Ao estacionar na frente do hotel minha esposa me liga dizendo que estava preocupada com o Vôo dela pois ela fez check in e não estava aparecendo como destino final a cidade de Bonito. Ah esqueci de falar, é que minha esposa está indo de Avião por dois motivos; ela não gosta muito de viagens muito longas de moto e ela também não quer ficar muito tempo na estrada porque a mãe dela está com problemas de saúde e ela não pode ficar muito tempo longe por conta disso.

Mas no fim, deu tudo certo, ela ligou pra companhia aéria e confirmou que o vôo realmente vai até Bonito conforme programado.

A cidade de Guaíra é muito bonita, no passado, antes de existir a usina hidrelétrica de Itaipu ela era um importante destino turístico por causa das 7 quedas de Guaíra. Com o Advento da Barragem de Itaipu as 7 quedas ficaram submersas e o turismo na cidade despencou.

05 de Setembro (Domingo)

Hoje levantei mais cedo para tomar meu café da manhã para em seguida seguir viagem rumo a Bonito.

Atravessei a ponte que faz divisa entre Paraná e Mato Grosso do Sul quando o sol estava nascendo. A ponte tem o comprimento de 3600 metros e conecta a cidade de Guaíra e Mundo Novo já no Mato Grosso do Sul. Do outro lado do Rio também fica a cidade de Salto del Guairá (Paraguai).

Gostei de fazer essa viagem de hoje pelas estradas motogrossenses, pouco movimento, qualidade da pista muito boa, porém paisagens um tanto quanto monótonas e o que mais se vê não fazendas a perder de vista com plantações e também criação de gado.

Cheguei em Bonito por volta de 13:00 e fazia muito calor, encontrei minha esposa na pousada e já mandamos atualizações para as filhas. Agora primeiro descansar um pouco e depois começar descobrindo a cidade para ver o que ela tem de bom.

O calor é terrível, e nada melhor do que ir em alguma sorveteria para saborear um belo sorvete e observar o movimento da cidade num clima bem descontraído. Há várias opções na cidade e também há várias opções de bons restaurantes.

 

06 de Setembro (segunda-feira)

A parte que eu mais gosto sempre que viajo é o café da manhã nos hotéis. Sempre aguardo com expectativa a hora do café da manhã, que tem que ter ampla variedade e tudo fresquinho feito na hora. Vocês perceberam que em meus posts eu sempre menciono o café da manhã? É que o café da manhã no hotel pra mim é um dos momentos mais importantes do dia, o bife do café tem que ser bem servido e bonito. Outro ponto, nada de tomar café na corrida pra ter que sair logo, o café é um momento que tudo tem que ser feito em slow motion para apreciar bem esse momento tão importante do dia. Nesse quesito a pousada que ficamos atendeu plenamente a expectativa, embora a pousada seja simples.

O roteiro para hoje é visitarmos a Gruta do Lago Azul, a Gruta de São Miguel e na parte da tarde o Balneário Municipal.

Quanto às grutas, até são interessantes pra quem nunca visitou uma, mas eu particularmente achei pequenas comparando com outras que já visitei, como a Caverna do Diabo em SP e outra que visitei na Chapada Diamantina cujo comprimento tinha mais e 1km. De qualquer forma o passeio foi válido porque agente sempre aprende coisas novas com os guias.

O Balneário Municipal vale muito sua visita e é um ótimo lugar para passar a tarde inteira, dá pra fazer flutuação à vontade no rio Formoso e aproveitar a natureza exuberante do local.

07 de Setembro (Terça-feira)

No roteiro de hoje está a visitação à Estância Mimosa, uma bela propriedade localizada em meio a uma natureza muito preservada e atualmente vive basicamente do turismo.

Tudo é muito organizado e a equipe de guias é muito profissional proporcionando muitas explicações sobre o bioma e os eventos geológicos que ocorreram na região ao longo dos milênios. Verdadeiramente uma imersão na natureza abundante da região com direito a mergulhos no rio e nas cachoeiras do rio Mimoso. A trilha possui passarelas suspensas e mirantes de onde se pode avistar a Serra da Bodoquena, com as cachoeiras e os morros que formam o vale por onde passa o rio Mimoso. As cachoeiras são ricas em formações de tufas calcárias e, numa delas, há uma plataforma com 6 metros de altura, de onde se pode saltar dentro de um poço natural.

Por volta das 13:30 chegamos de volta à sede da propriedade e fomos direto para o restaurante da fazenda onde um delicioso almoço campeiro nos esperava com comidas típicas da região.

Depois do almoço ficamos por ali descansando na sombra das árvores cercados de araras azuis que ficavam por ali fazendo algazarra.

08 de Setembro (Quarta-feira)

Neste dia optamos por passar o dia na Praia da Figueira que leva esse nome devido a uma figueira gigante que existe lá, a copa da árvore tem aproximadamente 30 metros de diâmetro e é um excelente local para descansar e apreciar.

A praia até que é bem bacana, o lago é abastecido com água do rio Formoso que passa bem ao lado. Tem uma infraestrutura bem completa com restaurantes e quiosques de sapê tanto na areia como dentro da água.

Eu e a Iara fizemos umas caminhadas por umas trilhas que tem nos arredores até a beira do rio formoso cuja transparência é tamanha que pra ver os milhares de peixes flutuando na água.

Pelas 3 horas da tarde vimos que o tempo começou a fechar e a chuva estava se aproximando. Levantamos acampamento e nos preparamos para voltar a Bonito, mas não teve jeito de escapar, logo que pegamos a estrada começou a chuva e foram 16km de estrada de terra embaixo de muita chuva até chegarmos no centro de Bonito. Ainda bem que fazia calor pois estávamos só de bermuda e camiseta.

09 de Setembro (Quinta-feira)

A programação para hoje é o Aquário Natural na parte da manhã e o Balneário do Sol na parte da tarde. Iniciamos o dia com um treinamento na piscina para aprender a lidar com o Snorkel ou a Máscara Fullface. A minha esposa como tem síndrome de pânico quando se trata de água não conseguiu sequer mergulhar na piscina, simplesmente não conseguiu colocar a cabeça embaixo da água, ficou apavorada. Em seguida seguimos por uma trilha na mata por 700 metros para até a nascente do rio Baía Bonita onde pudemos observar as árvores típicas do cerrado, pássaros e outros animais silvestres. Iniciamos bem na nascente do rio Baía Bonita e ficamos um tempo ali admirando aquela água cristalina brotando dos inúmeros olhos d´água em meio à areia calcárea depois seguimos flutuando rio abaixo ao longo de 800 metros, passando por uma flora abundante e diversos peixes. A flutuação termina no encontro do rio Baía Bonita com o rio Formoso, onde pra finalizar saltamos no rio com uma tirolesa.

Ao meio dia retornamos ao centro de Bonito para almoçar, e descansar um pouco e depois seguimos para o Balneário do Sol que fica a cerca de 11km do centro de Bonito.

Este local também é muito bacana para passar várias horas curtindo a natureza, mas eu particularmente não estava mais muito inspirado estou recebendo reclamações diariamente várias vezes por dia por causa de problemas que estamos tendo num sistema online que a gente comercializa para as empresas. Diariamente entre um passeio e outro estou tendo que fazer reuniões com o pessoal do escritório para ver o que pode ser feito a fim de solucionarmos os problemas.

Tínhamos o voucher para passar a tarde toda lá, mas no fim ficamos apenas duas horas e já voltamos para Bonito novamente.

10 de Setembro (sexta-feira)

Hoje não temos mais passeios, apenas os preparativos para a viagem. A minha esposa tem vôo programado para 12:00 partindo do aeroporto de Bonito. Eu deixei ela no Aeroporto e segui viagem para Campo Grande. Fui rodando bem devagar não passando de 100km/h só apreciando aquelas paisagens com intermináveis fazendas com plantações ou criações de gado.

Cheguei em Campo Grande por volta das 16:00 e ainda deu tempo de dar uma caminhada nos arredores do hotel. Parei numa esquina que tinha um café bem tradicional da cidade que servia uns pastéis gregos, segundo eles é o primeiro e único pastel tipicamente Grego do Brasil;

11 de Setembro (Sábado)

Pela parte da manhã fui até o Morro do Ernesto distante 20 Km do centro de Campo Grande. O local fica dentro de uma fazenda particular e possui inclusive área de camping e um rio que passa na propriedade com várias cachoeiras.

O acesso ao morro é feito por uma trilha de nível médio com cerca de 2,5km, a vista lá de cima é muito legal, dá pra ver toda a região do cerrado até onde a vista alcança.

Depois voltei novamente ao centro de Campo Grande e fiz uma visita ao Parque da Nações Indígenas. Um imenso parque bem arborizado, áreas de gramado e pistas para caminhada e pedal. Depois de um breve momento por ali, voltei ao hotel a fim de fechar a conta e seguir viagem, mas antes passei novamente no Café Grego para tomar aquele cafezinho com o pastel típico.

Meu objetivo é pilotar até a cidade de Três Lagoas, bem na divisa entre Mato Grosso do Sul e São Paulo. Nesse trecho de estrada me deparei com muitas paradas em função das obras na rodovia, havia vários trechos da rodovia que foi frezada para preparar a base para uma nova capa de asfalto.

Cheguei em Três Lagoas por volta de 5horas da tarde e me hospedei no Vila Romana Park Hotel.

Depois de ter descarregado minhas tralhas, e ter feito uma breve organização e um bom banho, resolvi dar uma olhada na moto e já lubrificar a corrente. Gosto de fazer isso sempre na chegada à tardinha pois daí já fica tudo pronto para o outro dia, até mesmo que quando se utiliza o spray lubrificante é muito importante fazer a lubrificação á noite para que dê tempo da cola que faz parte do spray secar e assim a lubrificação se torna mais efetiva na viagem do dia seguinte.

Nessa inspeção constatei que o pneu traseiro estava tão gasto que já aparecia parte de lona interna do pneu. Quando saí de viagem de São Leopoldo eu já tinha planejado realizar a troca dos pneus em Piracicaba pois até lá já iria fechar os 15000km rodados com esse pneu original, porém os longos trechos de estrada em manutenção que encontrei nessa viagem aceleraram o desgaste.

Por um momento até achei que poderia seguir viagem assim até Piracicaba em SP, mas a distância é de 527km e está fazendo muito calor nesses dias. Consultei meus colegas do grupo de motos e eles logo desaconselharam seguir viagem desse jeito, esse pneu poderia estourar a qualquer momento.

Falei com o meu corretor de seguros e ele me aconselhou acionar a seguradora para levar a moto por questões de segurança.

Foi o que fiz, já acionei a seguradora e programei para o dia seguinte às 8:00.

Concluindo, 7:30 da manhã de Domingo 12 de Setembrode2021, estava lá o caminhão para carregar a moto. Só que tem um detalhe o motorista disse que eu não poderia ir com ele, é contra os regulamentos levar o passageiro uma distância tão grande. Então, tive que ligar novamente para a seguradora para que eles me enviassem um carro com motorista para me levar a Piracicaba. A temperatura ambiente estava cerca de 38ºC a partir do meio dia, realmente iria ser bem sofrido fazer essa viagem de moto com um calor desses.

Semana de 13 a 17 de Setembro fiquei trabalhando no escritório em Piracicaba e já aproveitei para trocar os pneus no Varela Motos que fica bem pertinho do escritório onde trabalho.

Já troquei ou comprei pneus no Varela outras vezes, o preço nem sempre é mais barato que outros lugares, mas o atendimento deles é excelente e os pneus que eles vendem são garantidamente originais.

17 de Setembro

É sexta-feira e hoje não irei trabalhar. Estou retornando para o sul e no caminho irei passar por Ponta Grossa no Paraná e aproveitarei para visitar uma atração turística que tem lá. O buraco do Padre e a Fenda da Freira. Ambas as atrações ficam localizadas dentro de um parque nacional e para sua visitação devemos comprar os ingressos antecipadamente pois há um controle da quantidade de visitantes e cada dia.

O lugar é sensacional, tive a sorte de realizar a visita na parte da tarde e pude ver a revoada de andorinhas. Diariamente ao entardecer as andorinhas retornam ao buraco do padre onde passam a noite para dormir, no dia seguinte de manhã cedo todas saem voando novamente e só retornam à tardinha. Um espetáculo da natureza que vale a pena assistir e registrar.

Para ir embora pequei uma estrada rumando em direção ao município de Porto Amazonas onde já passei noite bem escuro procurando por algum hotel de beira de estrada, porém, só fui encontrar hotel em Lapa onde cheguei por volta de 20:00 embaixo de chuva. O primeiro hotel que encontrei já fiquei ali mesmo, mesmo sendo bem simples, porém tinha uma cama confortável e para surpresa minha o café da manhã no dia seguinte muito bom.

 

18 de Setembro

O café da manhã no hotel era servido somente a partir da 7:00, mas as 6:00 já estava acordado e arrumei minhas tralhas, deixei tudo organizado na moto e tudo pronto para partir.

6:45 estava eu e mais uma galera lá esperando a moça organizar o bufê do café, mal ela terminou de organizar fui o primeiro a começar a me servir e logo já se formou uma fila.

Para um hotel simples o café estava digno de hotel 3 estrelas. Eu sempre digo, fazer as coisas com capricho e dedicação não custa mais caro, então já aproveita e faz com capricho porque daí os clientes sempre irão se lembrar daquele lugar e se possível voltarão.

Ao sair do hotel abasteci a moto e logo rumei em direção à Mafra, ziguezagueando por um trecho de estrada na PR-427 entre Lapa e Campo do Tenente. No trecho inicial nos primeiros Kilômetros ainda havia uma neblina devido à chuva da noite anterior mas a visibilidade estava boa, isso até deu assim um ar bucólico aquela paisagem rural com aqueles campos bem verdes e bem cuidados com as vacas pastando, pareciam aquelas paisagens européias estilo Suíça. São momentos que ficam gravados em nossa lembrança para nunca mais esquecer, por isso eu sempre digo, quando estamos viajando estando a trabalho ou laser, temos que apreciar cada kilômetro percorrido e transformar aquilo em uma experiência que nos agregue algo para a vida.

Depois que passei a cidade de Campo do Tenente logo cheguei na BR116 para percorrer o restante dos 577km que me separavam de minha casa em São Leopoldo no Rio Grande do Sul.

A BR116 é uma rota de escoamento de produção que cruza o Brasil mais ou menos pelo meio, e principalmente o trecho entre Caxias do Sul e Curitiba normalmente é bastante movimentado com caminhões, porém, como é sábado o trânsito estava bem tranquilo e a viagem consequentemente se desenrolou de maneira muito tranquila.

E assim concluí mais uma aventura de viagem e mais um pedaço do Brasil que tive a oportunidade de conhecer.

Agradeço a Deus por me proporcionar essa dádiva.

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