Bom, depois de quase 3 anos e meio com a TDM 900, uma moto que me trouxe muitas alegrias e mudou radicalmente meu estilo de vida, resolvi que era hora de uma mudança e comecei a olhar para os lados para ver as opções que existem no mercado. E opções é que não faltam nos dias de hoje. Com essa tal de segmentação de mercado criado pelo Marketing existem motos para todos os estilos, bolsos e gostos e agente até fica meio confuso com tantas opções à escolher.
Para encurtar a história o que eu queria mesmo agora era experimentar uma moto com motor 4 cilindros
Então, depois de muitas leituras e pesquisas optei por uma Kawasaki Versys 1000, uma moto com motor 4 cilindros num chassi, digamos assim “bigtrail”. Embora ela esteja mais para “sport touring” do que uma “bigtrail” devido aos seus míseros 150 mm de suspensão, mas dá para encarar uma estrada de terra com ela ou asfaltos ruins com relativo conforto.
Acho que fiquei uns dois meses pesquisando, vendo preços, olhando a moto na concessionária e avaliando os prós e contras de fazer uma troca. Cheguei a avaliar também a Super Ténéré 1200, Trimph Explorer 1200 e BMW R1200GS.
Eu já tinha anunciado a venda da TDM e até já tinha um interessado em comprá-la. Num dia desses visitando o salão de motos de Porto Alegre me deparei com um lote de motos que estava em promoção, eram motos remanescentes da concessionária IESA que tinha fechado a representação KAWASAKI em Porto Alegre. Fiz uma proposta para o vendedor, qual o melhor preço que você pode me fazer para levar esta moto com pagamento à vista? O vendedor disse que iria falar com o Gerente e à noite me retornaria.
Quando ele ligou e me passou o preço, não pensei duas vezes bati o “martelo” na hora. Ganhei um desconto de 10% em relação ao preço normal de loja. Isso é um bom desconto considerando o valor da moto. Em tese dá pra se dizer que ganhei uma moto modelo “Grand Tourer” pelo preço de uma standard. Essa compra no fim acabou virando uma longa história devido a incompetência e má vontade das pessoas envolvidas, resultado só consegui pegar a moto uma semana depois da compra e ainda quando fui buscar a moto nem sequer foi feita uma entrega técnica, não carimbaram a entrega no manual de instruções e a nota foi emitida com um erro no número de série, resultando em mais dois dias de atraso para eu poder emplacar ela pois eles tiveram que refazer a nota fiscal.
A primeira longa viagem – De Porto Alegre à Brasilia
Logo no fim de semana seguinte eu e mais um outro amigo que também tinha comprado uma moto nova, uma Super Ténéré 1200, fomos fazer um passeio na serra gaúcha para amaciar o motor. Passamos por São Francisco de Paula e Gramado.
Depois fiz uma viagem a trabalho de 500km até o interior do Rio Grande do Sul e pronto, já posso fazer uma longa viagem.
OS PREPARATIVOS
Aproveitei a data do maior encontro de motociclistas do Brasil, o Brasília Motocapital, para planejar a viagem. Como tenho clientes nos principais estados brasileiros, nada melhor do que aproveitar e unir o útil ao agradável, aliás muito agradável pois para mim andar de moto é uma das coisas mais prazeirosas que existem, é o meu hoby preferido.
Montei o meu roteiro para passar pelas cidades de Curitiba (PR), Sorocaba e Itapira (SP), Belo Horizonte e Araguari (MG) com destino final programado para chegar na Capital do Brasil na Sexta-feira à tardinha onde passaria o final de semana de 26 a 28 de Julho de 2013.
Logo que tirei a moto da concessionária já tratei de equipar ela um pouco mais para viajar com mais segurança e conforto. Coloquei párabrisa mais alto e faróis de milha da GIVI, protetores de mão da SWMotech. Também tive que trocar o suporte do baú traseiro para poder usar o meu baú GIVI Maxxia 55 que é equipado inclusive com Brake Light.
O que mais deu trabalho foi preparar as malas, como eu tinha um roteiro de visitas a cliente teria que levar várias camisas boas, calças Jeans boas e até um Blazer sem contar as roupas de inverno pois a semana promete ser muito fria, aliás foi uma das semanas mais frias da última década com nevascas em mais de 80 cidades do sul do Brasil. E como normalmente acontece, com as ondas de frio elas entram pelo sul do Rio Grande do Sul e vão subindo em direção ao norte do país. Aí vocês podem imaginar o que aconteceu, eu ia subindo pelo Brasil e a frente fria me acompanhando, deste modo não consegui me livrar do frio e nem da chuva. Nos primeiros 5 dias peguei chuva todos os dias.
A VIAGEM
1º dia – Domingo (21/07/2013)
Lá pelas 9:00 da manhã peguei a estrada, temperatura de 7º Celcius e tempo nublado. Mas graças aos agasalhos e as manoplas aquecidas da moto não senti nada de frio. O painel da moto é bastante completo e fácil de usar, é só ir clicando num botão no punho esquerdo que dá pra ver a temperatura ambiente, temperatura do motor, consumo instantâneo, consumo médio e autonomia com o combustível que está no tanque.
Até Florianópolis tudo transcorreu bem, porém ali o tempo começou a fechar cada vez mais e já começou uma leve chuva e assim fui até Joinville (SC), porém neste ponto a chuva engrossou a tal ponto que até tive que dar uma parada de 30 minutos pois foi um verdadeiro “toró” de água, uma chuva muito forte. Ao prosseguir viagem rumo à Curitiba ainda um grande congestionamento, acho que devia ter uns 20 kilômetros. Nessas horas entra em jogo a vantagem da moto, andei quase o tempo todo no corredor, mesmo assim isso me atrasou bastante porque não dá pra andar mais que 30 ou 40km/h no corredor com uma moto grande como essa, resultado, cheguei no Hotel 10 em Curitiba por volta das 20:00.
2º dia – Segunda-Feira (22/07/2013)
Fazia muito frio de manhã e uma chuva fina acompanhado de rajadas de vento tornava a sensação térmica de ainda mais frio na região da Cidade Industrial de Curitiba. Passei a manhã toda numa empresa que é meu cliente e ao meio dia voltei ao hotel, preparei as malas para seguir viagem. A chuva fina continuava, tive que vestir as roupas impermeáveis.
Nos primeiros quilômetros ainda enfrentei um congestionamento de caminhões que rumavam ao porto de Paranaguá, perdi mais de uma hora e só consegui escapar porque comecei a andar pelo acostamento e depois peguei um desvio e segui viagem.
Eu ainda tinha que chegar até Sorocaba até o final da tarde. No fim cheguei em Sorocaba por volta das 9:00 da noite. Passei pela serra de Piedade que fica entre Juquiá e Votorantin, foi bem trabalhoso por chovia forte e ventava muito.
3º e 4º dia
Mais visitas e a chuva continuava, na Quarta-feira(24) à tarde estava me deslocando para Belo Horizonte pela Fernão Dias e novamente mais chuva, o céu estava negro e muitos relâmpagos no horizonte. Numa das paradas num posto encontrei um representante comercial que também era motociclista e conversamos um pouco.
Cheguei em Belo Horizonte por volta das 19:00; milhares de carros nas ruas e muito buzinaço e bandeiras do Atlético Mineiro, justamente naquele dia era a final da Libertadores da América e a cidade estava toda em polvorosa.
Vista noturna de Belo Horizonte da janela do hotel.
5º dia – Quinta-feira
Após mais algumas visitas a clientes, na parte da tarde rumei em direção à Araguari (MG) seguindo pela BR 262, uma estrada muito linda que cruza a Serra da Canastra, região produtora dos melhores cafés do Brasil. Infelizmente tive que andar parte dela à noite e com isso deixei de ver boa parte das belezas dessa região. Pernoitei numa cidadezinha chamada Montes Altos, no coração da Serra da Canastra e cercado de plantações de café, havia um aroma de café no ar.
6º dia – Sexta-feira
Segui viagem até Araguari (MG) e depois subi à Brasilia (DF) onde cheguei à tardinha. Me atrapalhei um pouco para achar o hotel pois o esquema de ruas e endereços lá é diferente do que somos acostumados, mas no fim deu tudo certo. Hotel bom e confortável.
7º e 8º dia – Sábado/Domingo
Aproveitei o sábado para fazer a revisão de 6000km, visitar o parque da granja do torto onde ocorria o encontro de motociclistas e também já fiz um tour pela região central de Brasília onde está o centro do poder do Brasil. Para ir até o evento tive que pegar um taxi, me assustei com o preço que o taxista cobrou, R$60,00 para uma distância de 10km. Na volta, à tarde, procurei uma carona para me levar de volta à concessionária. Encontrei um pessoal lá do motogrupo Esquadrão de Cristo que me deram esse apoio e um deles me levou até a concessionária.
No domingo à tarde iniciei a viagem de retorno até Batatais (SP) onde teria uma visita a cliente na segunda-feira. Durante a viagem de retorno encontrei outra motociclista de Ibirubá (RS) e viajamos juntos até próximo a Ribeirão Preto.
9º e 10º dia – Segunda/Terça
Nesses dois dias foi considerada como viagem de retorno com mais algumas visitas a cliente no caminho e consegui chegar até Ponta Grossa (PR) onde pernoitei.
11º dia – Quarta-feira (31/07/2013)
Último trecho de retorno da minha jornada com direito a uma pausa para descanso em Joinville e uma visita breve a um parentes que tenho lá. Cheguei em casa à tardinha são e salvo e feliz por ter conhecido mais um pedaço desse imenso país chamado Brasil.